REDES SOCIAIS

sábado, 12 de novembro de 2016

ordem perlariae



Ordem PERLARIAE
Caracteres. - Insetos de 0,5 a 3 cm. de comprimento. Têm o corpo deprimido, o tegumento pouco esclerosado, geralmente de cor parda mais ou menos escura, ou esverdeada; apresentam dois pares de asas membranosas, as posteriores, na maioria das espécies, com a região anal formando um lóbulo mais ou menos saliente, que se dobra sob o resto da asa, quando o inseto repousa, e o abdômen provido de 2 cercos, na maioria das espécies multisegmentados e mais ou menos alongados. São insetos antibióticos e hemimetabolicos.
Anatomia externa. - Cabeça, em geral chata, trapezóide, apresentando pequenos olhos facetados e 2 ou 3 ocelos. Antenas longas, cetáceas, de 30 a 80 segmentos. Aparelho bucal de tipo mandibulado, rudimentar, em algumas espécies, porém, desenvolvido e funcional (Gripopteryx, Taeniopteryx).
Tórax - Segmentos torácicos distintamente separados, sub-iguais. Protorax livre, sob retangular ou elíptico. Pernas normais, ambutalorias, com os quadris bem afastados; em varias espécies, porém, os quadris são aproximados. Tarsos de artículos, apresentando o ultimo (pretarso), que é o maior, um par de garras e entre elas um empodio em forma de crescentes ou triangulo 
Anacroneuria sp. (cerca de X 2,5).

Asas desiguais com a membrana hialina, mais ou menos escura, ou com manchas. As anteriores, em repouso, cobrem o abdômen. As posteriores, que são as mais curtas na maioria das espécies, apresentam o campo anal muito mais desenvolvido que nas anteriores. Pousado o inseto, esta parte fica dobrada sob o resto da asa, daí o nome Plecoptera46 dado a esta ordem por vários autores. Tal disposição das asas posteriores, o aspecto das peças bucais em algumas espécies de tipo mais generalizado e a constituição do intestino, geralmente provido de cegos gástricos, evidenciam uma estreita afinidade destes insetos com os Ortópteros.
Ha vários Perlideos cujos machos se apresentam micrópteros, observando-se ás vezes, numa mesma espécie, diferentes graus de micróptera.
Abdômen apresentando 10 uromeros distintos (o 11° reduzido), desprovido de gonapofises. Daí a copula realizar quando a fêmea se acha pousada. O ultimo uromero apresenta, na maioria das espécies, 2 cercos alongados e pluriarticulados, excepto nas espécies de Nemouridae cujos cercos são muito curtos e têm de 1 a 3 segmentos.
A forma do penultimo urosternito (placa subgenital) da fêmea oferece bons caracteres para a separação das espécies.
Hábitos. - Como os Perlideos voam mal, raramente se os vê longe dos criadouros naturais. Daí serem mais facilmente encontrados quando pousados sobre pedras nas margens dos rios e riachos encachoeirados dos lugares montanhosos. Ao anoitecer, porém, mostram-se mais ativos, podendo então ser apanhados ao redor das lâmpadas de iluminação.
Ha, entretanto, algumas espécies que voam bem durante o dia entre as plantas situadas á margem das corredeiras.
Os Perlideos adultos, como as Efêmeras, vivem pouco tempo, e, excetuando as raras espécies que possuem peças bucais funcionais, não se alimentam.
Postura. - As fêmeas, depois de fecundadas, põem de 1.500 a 6.000 ovos, segundo a espécie. A viviparidade parece ocorrer raramente nos Perlideos. NEEDHAM observou-a numa espécie norte-americana do gênero Capnia. Em muitas espécies os ovos, ao serem postos, vão se acumulando em uma massa arredondada, que fica presa sob a extremidade posterior do abdômen da fêmea. Esta, finda a postura, mergulha o ápice do abdômen na correnteza, para destacar a referida massa, e os ovos que a constituíam ou vão para o fundo ou se prendem a qualquer suporte, geralmente por um filamento que se desenrola do pólo micro pilar do ovo.


Desenvolvimento post-embrionario. - Dos ovos nascem às primeiras formas jovens, ou larvas, como também são designadas. O seu aspecto é bem semelhante ao das formas adultas. Encontram-se as, quase sempre, sob ou sobre pedras e outros suportes submersos. Nelas, porém, as peças bucais são relativamente robustas e funcionais. As pernas, nas formas jovens mais desenvolvidas, são providas de franjas de longos pêlos natatórios. As larvas e ninfas dos Perlideos, em geral, movem-se lentamente e, como são predadoras, consegue capturar as presas mais pelo habito de se ocultarem que pela agilidade.
Alimentam-se de outros insetos anfibiotieos, principalmente formas jovens de Efemerideos, larvas de Dípteros das famílias Simuliidae e Chironomidae e de Trichopteros. As formas mais robustas podem atacar as mais jovens, de espécies diferentes ou da mesma espécie.
 As larvas e ninfas dos Perlideos são apneusticas, respirando oxigênio do ar dissolvido na água principalmente através do tegumento.
Na maioria das espécies as formas jovens mais desenvolvidas apresentam traqueobranquias externas cuja posição varia segundo a espécie. Ora elas se inserem na região pleural (brânquias pleurais) ora na extremidade do abdômen (Leptoperlidae), entre a inserção dos céreos (brânquias anais), formando a roseta anal (fig. 51), ora na base dos quadris (brânquias coxais), finalmente, na prosterno (brânquias prosternais). As formas jovens dos Perlideos mais arcaicos da família Eustheniidae, do Chile, Austrália e Nova Zelândia, apresentam traqueobranquias de cada lado dos primeiros uromeros.
Na maioria das espécies as traqueobranquias são filamentares ou tubulares, formando, geralmente, pequenos tufos.
Muito se tem escrito sobre a persistência no adulto das traqueobranquias larvais, depois da famosa descoberta de NEWPORT (1844) da existência de tais órgãos em Pteronarcys regalis, do Canadá.
Parece, porém, que a razão está com LESTAGE (1923), que, em criteriosa critica dos trabalhos publicados sobre o assunto, concluiu dizendo o seguinte:
"La thèse qui veut que les Perlides conservent à l'état adulte les organes respiratoires larvaires n'est donc qu'une hypothèse, et cecas de néotenie rest à prouver".
As formas jovens dos Perlideos, em geral, só vivem em águas muito arejadas. Daí habitarem rios e riachos, nas partes em que a correnteza é mais rápida. Ha, entretanto, espécies européias de Nemoura que vivem nas águas calmas, pouco agitadas ou mesmo estagnadas dos pântanos.
As ninfas, depois de completarem o desenvolvimento, sofrem a ultima ecdise fora d’água, quase sempre sobre uma pedra, saindo da enxovia ninfal o inseto adulto.
Quase nada se sabe em relação ao ciclo evolutivo dos nossos Perlideos.
Importância econômica. - NEWCOMER (1918), nos Estados Unidos, assinalou os estragos produzidos por Rhabdiopteryx pacifica (BANKS), que ataca botões florais, folhas tenras e pequenos frutos de varias fruteiros, em pomares localizados nas proximidades de rios encachoeirados.
O referido inseto, que ataca de preferência Rosácea, causa em alguns sítios danos apreciáveis.
No combate a esse inimigo, empregam, com algum resultado, caldas arsênicas. NEWCOMER verificou que as fruteiras tratadas pela emulsão de petróleo e sulfato de nicotina contra o ataque dos pulgões, são pouco atacadas pelo referido Perlideos.
Classificação. - Ha cerca de 700 espécies descritas da ordem Perlariae, distribuídas em 7 famílias. Quase rodas as espécies da região neotropical pertencem á família Perlidae, e, na maioria, ao gênero Anacroneuria Klapálek, 1909.
Dentre as espécies deste gênero, mais freqüentemente encontradas no Brasil, citarei: Anacroneuria annulicauda (Pictet, 1842), A. nigrocincta (Pictet, 1842) e A. dilaticollis (Burmeister, 1839). Ha também algumas outras espécies da família Leptoperlidae, dos gêneros Gripopteryx Pictet, 1841 e Paragripopteryx Enderlein, 1909.
Dou, em seguida, a chave para a determinação das famílias de Perlariae, segundo TILLYARD (1921).
Bibliografia.

GERAL
 CLAASSEN, P. W.
1931 - Plecoptera nymphs of America (North of Mexico).
Springfield: C. C. Thomas; 199 p., 36 ests.
CLARK, R.
1934 - The external morphology of Acroneuria, evoluta Klapalek.
The Ohio Jour. "Sci. 34: 121-128, 3 ests.

HOKE, G.
1924 - The anatomy of the head and mouth parts of Plecoptera.
Jour. Morph. Philadelphia, 38: 347-385, 6 ests.
JUNKER, H.
1923 - Cytologische Untersuehungen ah den Geschlechtsorganen der
halb zwi t ter igen Steinf l iege Per la, marginata.
Areh. Zellforb, ch. 17: 185-359.
LESTAGE, J. A.
1923 - Etudes sur la biolegíe ales Plecoptères (Suite).
III. Notes sur la Perla abdominalis Burm.
IV. La théorie de la persistance ales tracheo-branchies larvaires
chez les Perlaria adultes.
Ann. Biol . Lac. 12: 335-379.
NEWCOMER, E. J.
1918 - Some stoneflies injurious to vegetation.
Jour. Agric. Res. 13:37-41 ests. 2-3.
NEWPORT, G.
1844 - On the existence of branehiae in the perfect state of a
Neuropterous Insect, Pteronarcys regalis Newm. and other speeles
of the same genus.
Ann. Mag. Nar. Hist. 13: 21-25.
SCHOENEMUND, E.
1925 - Beiträge zur Biologie der Plecopteren Larven mit besonderer
Berüeksichtigung der Atmung.
Areh. HydrobioI. 15: 339-369.
WALKER, E. M.
1919 - The terminal abdominal struetures of orthopteroid insects: a
phylogenetic study (I).
Ann. Ent. Soc. Amer. 12: 267-316.
1922 - I I . Idem, 15: 1-76, I i ests.
WU, C. F.
1923 - Morphology, anatomy and ethology of Nemoura.
Bull. Lloyd Libr. Bull. 23 (Ent. Ser. 3): 81 p., 16 ests.
SISTEMATICA
ENDERLEIN, G.
1909 - Plecopterologische Studien - I. Neue und ungenügend bekannte
Neoperla Arten.
Sitzb. Natur. Freunde: 161-178, 12 iigs.
1909 - Klassifikation der Plecopteren.
Zool. Anz. 34: 385-419.
FRISON, T. H.
1935 - The stoneflies, or Plecoptera of Illinois.
Bull. III. Nat. Hist. Surv. 20, art. 4: 281-471, 344 figs.
KLAPALEK, F.
1904 - Plecopteren.
Hamburger Magalhaensische Sammelreise, 13 p., I0 figs.
Hamburg: Fríederischen & Co.
1909 - Vorläufiger Bericht über exotische Plecopteren.
Wien. ent. Zeit. 28: 215-232.
1912 - Perlodides. Fase. IV, part. 1 do Catal. syst. et descr. de E.
De Selys-Longchamps, 66 p., 58 figs.
1916 - Subfamilia Acroneurinae.
Act. Soc. Ent. Czech. Praga, 13: 45-84.
PERLARIAE 107
1923 -
NAVAS, L.
1925 -
1929 -
1932 -
1932 -
1934 -
Perlidae. Fasc. IV, part. 2 do Catal. Syst. et descr, de E. De
Selys-Longchamps, 193 p., 146 figs.
Insectos neotrópicos.
Rev. Chil. Hist. Nar. 29: 305-313, 5 figs.
Ins e c tos de i Mus eu de Hamburg.
Bol . Scc. Ent . Esp. 12: 73-99, 4 f igs.
Algunos Plecopteros dei Brasil.
Rev. Chi l . Hist . Nar. 36: 66-89, 2 figs.
Insectos sudamericanos.
Rev. Acad. Ci. Madrid, 29: 52-66, I0 figs
Décadas de insectos nuevos. Dec. 25.
Broteria, 3 (n. s.) I: 15-24.
NEEDHAM, J. C. & BROUGHTON, E.
1927 - Central American atoneflies, with descriptions of new species
(Pleeoptera) .
Jour. N. Y. Ent. Soc. 35: 109-120, ests. 12.
NEEDHAM, J. G. & CLASSEN, P. W.
1925 - A monograph of the Plecoptera or stoneflies of America North
of Mexico.
Thomas Say Found., Ent. Soe. of Amer., Iafayette (Indiana),
2: I + 397 p., 28 figs., 50 ests.
PICTET. P. J.
1841 - 43 Hístoire naturelle générale et particulière de s insectes Nevropteres,
Première mo nographie: Famille de Perlides, Genève.
SAMAL, J .
1931 -
TILLYARD, R. J.
1921 -
1923 -
WALKER, F.
1852 -
Ein Versuch der Revision der südamerikanischen Gattung Diamphipnoa
Gerstäcker (Perl.).
Stett. ent. Zeit. 92: 266-274.
A new classification of the order Perlaria.
Canad. Ent. 53: 35-43.
The stone-flies of New Zeland (Order Perlaria), with descriptions.
of new genera and new species.
Trans. N. Zel. Inst. 54: 197-217, 18 figs.
Catalogue of the species of Neuropterous insects in the collection
of the British Museum. Part. I: Phryganides-Perlides.