Ordem
collembola
Caracteres. - Insetos muito pequenos (as maiores espécies tem
cerca de 5 mm.), de corpo subcilíndrico ou globoso, muito delicado, branco ou
de cor mais ou menos escura, apresentando, ás vezes, desenhos de cores
brilhantes, ora pigmentares, ora exclusivamente estruturais ou físicas. Quase
todos são densamente pilosos e muitos são revestidos de escamas. Não apresentam
olhos facetados. Ocelos laterais, de estrutura semelhante á dos omatidios dos
olhos compostos.
Antenas de poucos
segmentos. Aparelho bucal mastigador, semelhante ao dos Thysanura Entotropha.
Em muitas espécies,
entre a base da antena e os ocelos, ha uma serie de manchas escuras, dispostas
circularmente, constituindo o chamado órgão post-antenal (LUBBOCK), formado por
sensilios especiais, provavelmente com função olfativa.
Pernas moderadamente
longas, tarsos uni articulados, providos de uma ou duas garras, de aspecto variável
nas espécies.
Abdômen de 6
segmentos no Maximo. No primeiro urosternito ha um órgão especial, o tubo
ventral ou coloforo, mais ou menos conspícuo, em algumas espécies,
porém, representado por um simples tubérculo dividido ao meio.
O referido, órgão,
funcionando como estrutura adesiva ou ventosa, permite o prendi mento do inseto
ao plano em que re-.
Fig.
- Drepanocyrtus relchenspergeri Handschin
(Entomobryidae)
A, B r a s i l (especie t e r m i t o f i l a)
B, g a r a t a r s a l; C, mucro d a f u r c u l a.
(De
Handschin, 1924, f i g. 3).
pousa. Muitos
Colembolos apresentam, no terceiro urosternito, um apêndice bifurcado, ás vezes
biarticulado, o tenaculum (retinaculum ou hamula), o qual retém,
quando o inseto repousa, um grande apêndice saltatorio, bífido, que emerge do
4° ou 5° uromero (furca ou fúrcula).
A peça basal da fúrcula
ou manubrium apresenta um par de ramos distais (dentes), tendo
cada um, no ápice, um processo em forma de garra (mucro).
Hábitos. - Os Colembolos
habitam, de preferência, lugares muito úmidos, no solo, em folhas, bainhas de
folhas de plantas e detritos vegetais em decomposição.
Ha espécies que
habitam a superfície das águas paradas.
Ha mesmo uma, na
Europa, que vive sobre a água do mar, retida nas depressões dos rochedos á
beira-mar. Algumas espécies podem viver sobre a neve ou gelo. Ha ainda a
assinalar espécies cavernícolas e outras que são mirmecofilas ou termitofilas.
Fig. - Hypogastruridae. B,
antena; C, órgão post-antenal e olhos adjacentes.
Para o estudo das espécies
termitofilas deve ser consultado o trabalho de HANDSCHIN (1924). As únicas espécies
co-
Fig. - Onychiurus fimetarius (L.). A,
órgão post-antenal; B, órgão sensorial
antenal. (De Folsom, 1917. figs. 9, 83 e 84).
nhecidas como
mirmecofilas são: Mastigoceras camponoti
Handschin, 1924, em
ninhos de Camponotus rufipes (Sul de Minas) e Pseudosira eidmanni Stach,
1935, em formigueiros de saúva (Mendes, Estado do Rio).
Fig. - Lepidocampa zeteki Folsom
(Poduridae). Panamá (consideravelmente aumentada). (De Folsom, 1927, fig. 1).
Desenvolvimento
post-embrionario. -
Como os Tisanuros, os Colembolos são insetos ametábolicos, isto é, desenvolvem-
se mediante simples transformações, sendo as formas jovens semelhantes aos
adultos. Estes diferem daquelas por serem maiores, por terem as antenas e a
fúrcula um tanto modificada e o aparelho genital completamente desenvolvido.
Fig. - Sminthuridae (consideravelmente
aumentada). c, coloforo; d, dentes; f, f u r c u l a; h,
hamula; m, mucrones.
Importância agrícola.
- A importância
econômica dos insetos desta ordem é bem maior que a dos Tisanuros, pois as espécies
que vivem no solo humoso ou em plantas herbáceas podem, ás vezes, causar danos apreciáveis
ás sementeiras e ás plantas vivas, ou exclusivamente pelas lesões que produzem,
ou porque estas permitam a penetração de fungos ou outros agentes patogênicos.
Para combater as espécies
que, nos viveiros, atacam sementes, bulbos, etc., SILVESTRI aconselha cobrir o
terreno com uma camada de cinza de cerca de um centímetro de altura. As espécies
que atacam as partes epigeas das plantas são destruídas mediante a aplicação da
calda de arseniato de chumbo, ou da solução de extrato de fumo a 2%.
Classificação. - Ha na ordem Collembola
cerca de 2.000 espécies, distribuídas nos grupos referidos na seguinte chave de
BÖRNER (1913), segundo SCHÖBOTHAM (1917).
1 Corpo alongado, subcilíndrico,
via de regra distintamente segmentado; ás vezes os uromeros 5 e 6 ou 4-6
fundidos.
Subord. Arthropleona9.....................................................
2.
1'Corpo piriforme, abdômen subgloboso, segmentação do tórax e dos 4
primeiros uromeros obsoleta. Subord.
Symphypleona10............................................................................................7.
2(1) Tergum
do protorax semelhante ao dos outros segmentos do corpo; sempre piloso. Fúrcula
presente ou ausente; quando presente, disposta sob o 4° uromero. Tegumento geralmente
granuloso, fino, raramente com escleritos fortemente quitinisados. Tubo ventral
sempre curto, em forma de bolsa de paredes lisas. Manubrium sem pelos na parte
ventral (Secção Poduromorpha)11.............................................................
3
2'Tergum do protorax
sempre membranoso e sem pelos. Fúrcula geralmente presente e, nas formas mais
recentes do grupo, dirigida para a região anal. Tegumento geralmente liso e
provido de escleritos. Tubo ventral curto ou
alongado, algumas
vezes com um saco lateral. Manubrium geralmente apresentando pelos ou escamas
na parte ventral, raramente nu (Secção Entomobryomorpha)12...............5.
3(2) Sem pseudocelos. Com ou sem olhos. Órgão
sensorial do 3° segmento antena1 com discos sensoriais, porém sem cones
sensoriais e sem papilas externas; 4° segmento antenal sem depressão sensorial
subapical, sempre com saliência sensorial retrátil......................................................................4.
3' Com pseudocelos.
Sem olhos. Órgão sensorial do 3° segmento antenal apresentando de 2 a 3 cones
sensoriais e, multas vezes, além dos discos sensoriais, papilas externas e cercos
salientes. Órgão post-antenal geralmente bem desenvolvido; 4° segmento antenal
apresentando geralmente.
uma depressão
sensorial subapical ..............................................
..............................................................................Fam.
Onychiuridae13
4(3) Cabeça
hipognata. Olhos situados perto do bordo posterior da cabeça. Dentes recurvados
no plano horizontal, anelados para a extremidade, excedendo o tubo ventral. Manubrium
de aspecto semelhante ao que se observa em Symphypleona, com uma peça suporte
medial para os
dentes ......................................................
Fam. Poduridae.
4'Cabeça obliquamente
prognata. Com ou sem olhos; estes, quando presentes, situados adiante do meio
da cabeça. Dentes não anelados, perfeitamente retos, raramente excedendo o tubo
ventral, ou a fúrcula mais ou menos completamente reduzida, porém, quando
presente, o manubrium é simples, sem peça suporte medial para os dentes
....................................................
Faro. Hypogastruridae.14
5(2') Órgão
trocanteriano ausente; bordo ventral das garras simples,
sem sulco ..........................................................................
6.
5’ Órgãos
trocanteriano presente (nos trocanteres das pernas posteriores); bordo ventral
das garras, via de regra, com um sulco basal. Cerdas e escamas (parcialmente,
pelo menos) ciliadas. 4° urotergito quase sempre consideravelmente mais longo
que o 3º. Cerdas sensoriais ciliadas
sempre presentes. Fúrcula
sempre presente................ Fam. Entomobryidae.
6(5) 3°
e 4° urotergitos aproximadamente do mesmo comprimento ou o 4° mais comprido;
algumas vezes este (o 4º) fundido com o 5° e o 6º. Escamas quase sempre
ausentes, porém, quando presentes, sem costelas longitudinais.
Cerdas sensoriais,
lisas ou ciliadas, presentes ou ausentes.
..........................................................................
Fam. Isotomidae. 15
6' 3° urotergito
consideravelmente mais longo que o 4o; todos os uromeros livres. Escamas
longitudinalmente estriadas. Órgão post-antenal ausente. Cerdas sensoriais presentes,
ciliadas. Fúrcula sempre presente.............................. Fam. Tomoceridae.
16
7(1') sempre
consideravelmente mais curtas que a diagonal da cabeça, de 4 segmentos. Cabeça
sem vertex elevado. Corpus tenaculi sem cerdas. Quadris alongados, do lado externo
distintamente mais compridos que o segmento
trocanteriano
respectivo. Segmento ano genital, visto de cima, escondido sob o segmento
furcal. Cerdas sensoriais abdominais ausentes..........................................
Fam. Neelidae.
7' Antenas inseridas
atrás do meio da cabeça, em geral consideravelmente
mais longas que a
diagonal da cabeça, não raro com segmentos subdivididos. Cabeça com vertex distintamente
elevado acima do pescoço. Corpus tenaculi
geralmente com
cerdas. Quadris não alongados, com o lado externo consideravelmente mais curto
que o interno e que o segmento trocanteriano correspondente. Segmento ano-genital
não escondido sob o segmento furcal.
Cerdas abdominais
sensoriais presentes...................... Fam. Sminthuridae. 17
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