Ordem
THYSANURA
Caracteres. - As espécies desta
ordem são os mais
primitivos Hexapodos atualmente
existentes. Insetos ápteros,
em geral pequenos (o maior tem cerca
de 5 centímetros de
comprimento), de corpo muito delicado,
estreito, deprimido ou
mais ou menos convexo no dorso,
distintamente segmentado,
nu ou revestido de escamas.
Cabeça pro ou hipognata. Olhos
facetados bem desenvolvidos,
reduzidos ou ausentes. Ocelos
geralmente ausentes
(presentes em Machilidae). Antenas
longas, filiformes ou moniliformes,
multissegmentadas. Aparelho bucal
mandibulado
ou mastigador, ecto ou entognato, isto
é, com as peças salientes
ou escondidas dentro da cabeça.
Pernas moderadamente longas; tarsos
uni, bi, tri ou quadriarticulados;
o ultimo articulo com 2 garras.
Abdômen de 11 segmentos, quase do
mesmo comprimento,
com um par de cercos
multissegmentados, sob a forma de
apêndices filiformes caudais, ou uni
segmentados, com o aspecto
de pinça ou fórceps. Em vários
urosternitos, ou somente
nos últimos (posteriores), um par de apêndices
curtos (styli).
Em muitos Tisanuros, além destes apêndices
e para dentro
deles, ha 1 ou 2 pares de pequenos órgãos
vesiculiformes retrateis,
de aspecto variável nas espécies.
Outros Tisanuros
apresentam, entre os dois cercos
filiformes, um filamento
cerciforme, tão ou mais longo que
eles, considerado um prolongamento
do 11º esternito.
Desenvolvimento
post-embrionario. - Os
tisanuros
são insetos ametabolicos. A forma que
apresentam ao nascer
mantem-se essencialmente a mesma
durante o correr do desenvolvimento
até a fase adulta ou de imago,
diferindo esta
das formas jovens apenas pela formação
completa do aparelho
genital.
Hábitos. - Os insetos desta
ordem vivem em lugares
úmidos em que haja matéria orgânica de
natureza vegetal,
da qual se alimentam. Encontrasse-os
sob pedras, sob a casca
do tronco e dos galhos das
plantas, sob a bainha das folhas,

Fig.
4 - Perna metatoracica de Machilidae,
Fig. 5 - Abdomen de Machilidae, face
ventral (foi retirada a metade
c, coxa; s, stylus; sc,
subcoxa, esquerdada 8ª placa ventral).
(De
Imms, 1934, fig. 225) bs styl coxais; c, cércos; cb, vesiculascoxais; lr, ovipositor.
(De Packard, 1909, fig. 179).
No Brasil, como em outros países, ha espécies
mirmecofilas
e termitofilas, a saber: Atelura praestans
(Silvestri,
1901), em formigueiros de Solenopsis
geminata; Atelura termitobia
(Silv., 1901), em termiteiros de Anoplotermes
tenebrosus
e Hamitermes hamifer; Atelura
sinoiketa (Silv., 1901),
em termiteiros de Eutermes
microsoma.
Fig.
6 - Esternitos de Machilidae, Fig. 7 - Extremidade do abdomen deProjapygidae, c, cércos; t,
telson.
com
os apendices ancestrais e respetiva
musculatura, m,
musculos; pr,
prosegmento;
ps, post-segmento; s, styli;
v,
vesículas coxais retraidas; v, vesiculas
coxais
protraidas.
(De
Comstock, 1924, fig. 225, segundo
Oudemans).
Fig. 8 - Projapyx stylifer Cook,
Brasil.
B, extremidade do abdomen; c, cércos; gl,
glandulas dos cércos; t, telson.
C, parte apical de um cérco perfurado,
emitindo a creção das glandulas,
(De Silvestri, 1901, figs. 1, 12 e 15).
Os Tisanuros mais conhecidos em nosso meio
são as "lepismas",
impropriamente
chamadas "traças dos livros". São
insetos de corpo mole, cor cinzenta e
brilho prateado, devido
ás escamas que revestem o tegumento na
parte dorsal, que,
aliás, se destacam facilmente.
Encontram-se, os nos domicílios,
entre
papeis velhos, principalmente nas bibliotecas. No Rio
de Janeiro as espécies mais
frequentemente observadas são:
Acrotelsa collaris (Fabr., 1793) e Ctenolepisma
ciliata (Dufour,
1831), ambas da família Lepismatidae.
Provavelmente devem existir no Brasil Lepisma
saccharina
L.,
1758 e Thermobia domestica (Packard, 1973), ambas
encontradas em rodas
as regiões do globo e também pertencentes
á família
Lepismatidae.
Sob o ponto de vista
agrícola, a importância dos Tisanuros
é nula.
Classificação - A ordem Thysanura compreende
cerca de 500 espécies, distribuídas nos grupos indicadosna
seguinte
chave:
1 Peças bucais
salientes. Abdômen provido de um par de
cercos e de um
filamento caudal mediano. Subord.
Ectotropha
(Ectognatha)2
........................................................... 2
1' Peças bucais
escondidas dentro da cabeça. Abdômen provido
de um par de cercos
ou fórceps, sem filamento caudal
mediano.
Subord. Entotropha (Entognatha)3 ............................ 3
2(1) Corpo mais ou
menos deprimido. Olhos pequenos ou ausentes,
compostos de poucos
omatidios separados e
relativamente grandes;
ocelos, ausentes; styli sómente
nos urosternitos 7-9
ou 8-9. Não podem saltar...........................Lepismatidae 4
2' Corpo fortemente
convexo no dorso. Olhos grandes, facetados;
ocelos presentes; styli
nos quadris meso e metatoraxicos
e nos urosternitos
2-9. Podem saltar .............................................. Machilidae 5
3(1') Cercos
unisegmentados com aspecto de praça ou fórceps ............................. Japygidae6
3' Cercos segmentados
mais ou menos longos ...................... 4
4(3') Cercos curtos, relativamente
robustos, perfurados no apice
do ultimo segmento; l0 urosternito com
styli; 3 pares de
estigmas toraxicos e 9 a 10 pares de
estigmas abdominais......... Projapygidae.
Cércos longos,
filiformes, não perfurados no apice do ultimo
segmento; 1º
urosternito sem styli; sómente 3 pares
de estigmas toraxicos
............................................ Campodeidae7
Autores recentes
(SILVESTRI e outros) consideram as especies
da subordem Entotropha
(Entognatha ou Diplura)
em ordem aparte,
ficando Thysanura restricta á Ectotropha
(Ectognatha) e
ás duas familias que a constituem como superfamilias:
Lepismoidea (Lepismatoidea)
e Machiloidea.
A bibliografia será
apresentada com a da ordem seguinte.
2 Gr. ectos, fóra;
trophe, alimento; gnathos, maxila.
3 Gr. enthos,
dentro.
4 Gr. lepis,
escama.
5 Gr. mache,
mole, corpo.
6 Gr. japyg, Japix,
filho de Daedalus.
7 Gr. came, lagarta.
0 comentários:
Postar um comentário